Título Alma de Rapariga – Diário de F. de Riverday (1980-81)
Autor Adriana Crespo
Colecção Torre Gelada | 15
Formato 13,5 x 21 cm
Páginas 164 págs.
Imagem da capa Adriana Crespo, desenho a grafite s/ papel, 2019
Ilustrações 23 desenhos da autora impressos sobre papel vegetal
Projecto e direcção de arte Luiz Pires dos Reys
Assistência de produção Xénia Pereira
Ano 2019
Acabamento Capa mole, com sobre-capa impressa a cores sobre papel vegetal.
Preço 20,00€
Um novo livro de Adriana Crespo. Ou melhor: um novo elo na “saga vital e amorosa”(palavras da autora) que, desde 1991, constitui o que a escritora, desde início, designa Divertimento de A., substantivo que deve ser entendido também musicalmente: como género, como fio condutor, como variedade, como unidade plural. Unidade multivária de autores e de personagens mútuos dos livros uns dos outros, na sempre surpreendente e fascinante Aventurosa vida e fabulosas obras de F. de Riverday, Maria do Mar, Françoise M., Orlando I, António Pizarro e Artur B.
Como a própria autora o diz: Há escritores que escrevem poesia, outros prosa, outros teatro. Outros escrevem coisas que são difíceis de qualificar. Talvez de milénio em milénio se produza o acontecimento ou o dia triunfal que permita criar um novo género — a arma adequada a um novo instinto poético e a força própria de uma acção particular. A cada instinto uma força — a cada força uma linha de fuga.
Escrita numa peculiar forma de diário, a obra não chega a abranger o período de um ano completo. Talvez, quem sabe, para dizer-nos que a vida raramente (ou nunca) chega a ser completa e plena, sendo quase sempre apenas forçada a tornar-se completada pela morte, seja ela escolhida ou acolhida.
- de Riverday começa por fugir de casa. Depois, acaba por, na demanda de si, fugir até de si mesma. As perguntas que, em certo passo do livro, faz a si própria, fá-las também a nós, leitores:
Rio!…
Espaço liso de velocidades livres.
Fluxo incandescente – rio de ouro, rio de prata líquida, rio de estrelas brilhantes e de água infinita sem destino, que em espirais se lança num espaço por fazer.
Não se sabe nunca por onde vai a água nos trajectos mínimos que escapam aos grandes.
Quem eras tu quando nasceste, corpo de água em que a minha alma navega?
Quem era eu quando nasci?
Quem estava aí, nesse corpo tão pequeno quando irrompeu de outro corpo, e nesses opacos olhos abertos, gritos mudos de haver alma?…
Quantas ínfimas gotas de água, e depois, quantos rios se juntaram a ti, para te formar?…
E quem te habitará, quando morreres, quem estará aí para te ver finalmente chegar, ó grande mar?…
Quem será aquele que terá olhos para olhar nos olhos a grande morte dos traçados singulares, o mar imenso com extensão de sinfonia?…
Já não serás o rio, serás só o mar.
Talvez seja esta a sublime mediatriz das asas deste livro de Adriana Crespo.
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